sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Um dia…

Um dia pus-me a pensar no porquê de existirem várias estações no ano e na sequência que as caracteriza. Reparei que cada uma delas tem características próprias que se podem assemelhar a diferentes fases da nossa vida. Senão vejamos…

Chega o Verão e, com ele, aquele sentimento de irreverência, de adrenalina e de limite desmesurado. Sentimos o calor a queimar-nos a pele, a roupa fresca a balançar com o vento e todo o impossível perde a intensidade mística e inalcançável para dar lugar a um sonho precioso, consistente e realizável. 
Para uns implica o soltar das amarras, para outros o respirar de alívio. Implica ainda dar férias ao medo e à desconfiança, abrindo portas para a fé e a confiança de que, se os problemas não se resolvem, pelo menos ficam mais leves e menos caóticos. 

Esquecemo-nos é que, no fim de contas, quem se encontra mais despreocupado e mais crente somos nós. Encaramos esta estação como a libertação e o altruísmo do nosso ser, deixando de parte complicações e frustrações. Nada muda com o tempo… Quem muda somos nós porque desligamos o complicómetro. 

O tempo quente tem a capacidade de nos incendiar os sentimentos e despoletar a irracionalidade para que não passemos a vida a pensar… antes sentir! Mas com o fim do mesmo, volta a necessidade de racionalizar o tempo e o espaço que nos vai acolher durante a preparação do Inverno rigoroso.
Chega então o Outono, uma estação mais calma que nos convida a regressar lentamente a uma calmaria de alma que é necessária quando se vive intensamente e sem reservas. 

Um dia pensei que o Verão seria a estação da minha vida… até ao dia que me mostraram que o Outono conseguia ser minimamente produtivo em termos de crescimento e aprendizagem! Há tempo para tudo no caminhar que escolhemos para a nossa vida… O problema reside no conformismo que depositamos quando chega o Inverno.
Chegam as primeiras chuvas, o tempo escuro e a alma complica. Deixa o seu brilho para segundo plano e quer acreditar que pouco ou nada se pode fazer por ela a não ser se fechar na sua casa até que os primeiros raios de sol surjam. Mas o tempo mudou caríssima!! Temos sol no Inverno, chuva no Verão e não podemos ignorar a evolução dos tempos. 

Não nos podemos prender ao estipulado num passado que nada tem de actual. Temos que nos adaptar… E é aqui que bloqueamos. Somos aversos à mudança, aquela que nos vai virar a vida do avesso e complicar o que já não faz sentido mas que teimamos em enxergar que sim.

“Triste não é mudar de ideias. Triste é não ter ideias para mudar!” – Tão cliché e tão verdadeiro. 

Perdemos tempo ao focalizarmo-nos nos aspectos negativos de uma mudança, ao impedir que ela aconteça para não quebrar a redomazinha de vidro que julgamos que nos protege, quando afinal estamos a matar o tempo e o inevitável… mas só por uns instantes, porque acabarão por conseguir dar a volta e aniquilar-nos!
Inevitavelmente tenho vivido no Inverno da minha vida desde que teimaste em julgar que não seria forte o suficiente para lutar por algo que vivemos. E que algo é esse afinal? Julgaste possível defini-lo para posteriormente me meteres à prova? Eu respondo: Não! Não sou, nem nunca fui, gente de muita indecisão. Gosto de saber o que vivo e como vivo, deixando os rótulos para trás mas fazendo sentido o que se propicia. Simplesmente deixou de fazer sentido… porque aquilo que um dia apelidavas de algo simples e básico, complicou-se ao ponto de descontrolar sentimentos. E agora podes julgar-me ao dizer que não vivo bem no descontrolo… e antes que mais vidas se pudessem descontrolar, mudar e entrar em ruptura, preferi aniquilar só a minha como forma de amor por aquilo que criei e vivi. 

Não sou fraca mas antes corajosa. Optei por não viver a irreverência do meu Verão, pensando em consequências para mim e para os outros. Suicidei-me para que tu e os outros não tivessem de abdicar do Verão. Nunca mais voltes a ser prepotente e a pensar sequer que não te amei. Amei sim, mais do que aquilo que alguma vez tencionei admitir. Acabaste por criar o fosso entre nós quando te olhei nos olhos e não vi a confiança e a certeza de outros tempos. E, em vez de te provocar até que uma síncope qualquer te assaltasse e fizesse perder o rumo, decidi por ti. Talvez não tenha sido a atitude mais correcta mas foi a que me foi permitida sem grande contestação. Agora que encontraste o teu caminho e o teu ideal de vida fico feliz por ti e por não ter causado muito estrago.
Poderei, então, sair do Inverno e repousar no Outono. Quando me sentir de novo segura irei viver o Verão da irreverência com outra pessoa que saberá sem dúvida dar valor à minha coragem e ao meu amor e aí sim, sorrirei ao ver as flores da Primavera desabrocharem como que a celebrar a minha vitória. 
Quando regressar ao Inverno, a uma noite qualquer que antecipe o Natal, espero estar bem acompanhada… e quando recordar a nossa noite ela não trará angústia de sentimentos mas alegria por poder sentir-los e vivê-los sem reservas. É aí que a minha vida recomeçará… com as estações do ano ao contrário… porque eu só sei ser diferente! 

Um dia…



Frequência de Vida...

Matisyahu - One Day








Post: Ky*

Sem comentários:

Enviar um comentário