De tantas passagens vais deixando um rasto visível que mostra as tuas fragilidades e fraquezas tontas, feitas de incertezas e marcadas por defeitos que teimas em não corrigir.
Quando te dás conta já não sentes a dor da corrente que te prende e...

...ela começa a ser parte de ti mesmo, sem pedir e sem exigir. Apenas porque...pode e tem poder para isso.
São forças estranhas que te prendem e tu não sabes entender a cor de que se pintam esses olhares que te impedem de desprender. Ao teu redor caminham contigo nas ruas enquanto anoitece e estes olhos não brilham com as luzes no escuro...o que te deixa perdido na suspeita e no ardor de um pressentimento que te parece tocar já a pele.
Foges...não sabes a razão, só sentes que o deves fazer.
No teu subconsciente existe uma voz que te diz para não olhares para trás e tu...
Tu vais mantendo a força que te resta, toda apontada para essa voz, que parece querer guiar-te no escuro.
Ao chegar a sensação de cansaço dos pés que usas para calcar o chão da tua fuga, tu olhas para trás pela primeira vez e o teu olhar mostra-te alguma cor...

O desprender começou e tu já não calcas mais o mesmo caminho e sim algo novo que não conheces...
A força depositada nessa voz que te parece guiar já te soltou um pouco e agora já ñ marcas um trilho igual a tantos outros trilhos conhecidos e deixados para outros seguir...começou algo novo dentro de ti.
Não olhes para trás, não fujas mais de ti e faz as malas que algo de novo já cresce em ti com uma força e com um novo rumo...rumo de busca e com a substância que sempre te alimentou e deu cor ao ser que tu és...
Que tu és.
Frequência de Vida. Mafalda Veiga - Um Pouco de Céu