sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A certeza de um Coração...onde Estás?


Esta não é a minha forma de estar no mundo, não sou assim.


...


Queria poder voltar depressa, mas não estou a conseguir ver nenhum braço para me agarrar e...não encontro a tua certeza!

Onde está o meu coração...onde estou Eu!

Estou a esquecer os meus sonhos e deixando-os desvanecer em muralhas de areia outrora de pedras bonitas em granito forte.
O silêncio é único combate que travo ainda...mas isso não trás a tua companhia de volta e vejo tudo em pedaços a olhos nus e desprotegidos numa luta intensa e dura.

Os momentos diários são iguais...todos os dias! As certezas estão desfeitas e contaminadas pela própria vida.

...quero tanto soltar-me, tanto, tanto, tanto...

Mas estou desarmado.

Aquela armadura forte caiu e por debaixo dela restam pedaços que andam de mão em mão...perdidos e sem referência.


O coração sempre foi o meu mapa, onde encontrava sempre os sentidos para o que acontecia e assim me ia descobrindo.
Não encontro no olhar de alguém uma resposta, uma saída daqui...

Tento encobrir a tristeza com o conhecimento e a...experiência é angustiada por não ter a resposta certa para mim.
O mundo não me deixa parar e eu queria muito que parasse por um tempo.

...mas as fantasias não acontecem assim.

O vento segredava-me tantas vezes respostas em sítios especiais e mágicos.

O vento já não trás nada e deixou de arrefecer o meu rosto, como é duro...


A certeza...o Coração...onde estás Tu?

Queria Gritar...Gritar bem alto, mas sozinho!

As noites chegam de mansinho como um pano de teatro finalizando cada acto...dou comigo a inventar mais uma saída no cair deste pano...apenas para trocar palavras com alguém. Mas não consigo permanecer tempo suficiente num mesmo local...nem mesmo com as pessoas que amo aguento tempo.

Tempo, tempo, tempo perdido, com uma espera por ti que...não voltará a acontecer.

As certezas do meu coração estão desvanecidas e travo uma luta interior injusta, onde por momentos tenho medo de a perder.

...não sei nada, mas vou descobrir.

Eu vou descobrir e sair daqui.


A frequência de Vida que mais gostava de ouvir hoje e agora dita por ti...




O Meu Abrigo









domingo, 17 de agosto de 2008

Presença...Silênciosa Despedida...

Eram +/- 15h30m quando percorria um corredor de cores cinzentas e janelas de frias claridades...pedia baixinho para que tivesses melhor e sorrisses para mim numa ou outra troca de uma frase...palavras mesmo que soltas fossem.

Pedi com muita força mesmo...que proferisses um som estruturado que chamamos de linguagem oral e soltasses palavras formando frases sobre como estarias a sentir-te.

Toco à campainha e olho para o teu lugar físico habitual daquela sala fria e cheia de irrealismos ambulantes em corpos perdidos buscando uma saída...

Lá estavas tu de costas e o meu coração batia tão forte que quando te olhei tive a maravilha do meu pedido atendido...

Sorriste para mim..."olá" disseste tu e ali ficamos a conversar sobre coisas. Estavas tão bonito com aquele pijama azul de ceda que a mãe estava radiante de te ver assim bonito.

Sorrias e falavas, falavas e sorrias como que tivesses descoberto o caminho da libertação e uma força via-se crescer em ti de novo.
Liguei ao mano novamente e disse-lhe para vir ver-te...estava difícil ele conseguir chegar, mas veio...e veio porque assim tinha que ser, ñ era?...

Veio a noite e nasceu a manhã...e foi o acordar mais estranho de uma vida.

Fui o escolhido por ti...doeu muito receber a noticia, e custou demais dá-la...

Foste necessário durante todos os milésimos de segundos para nós. Agora eras necessário para onde foste.

Sabes que concluíste uma obra...a tua luta de vida somos nós e eu entendi cada sinal teu ao longo dela. Fizeste-me forte, ensinaste-me montes de coisas que me sustentaram e me ajudaram a sustentar...
Sabes que dói porque sei que sabes, mas não me vais largar nunca e contigo vou conseguir...nós todos vamos conseguir, vais ver.

Tantas vezes te disse nestes últimos dias..."acredita pai, tu vais conseguir nós estamos aqui para te ajudar" e tu dizias-me " tu não sabes o que dizes filho, já tudo está perdido, não vai haver escapatória possível", não sei o que querias dizer com isso, mas de novo te digo agora..."eu continuo a confiar em ti e eu sou parte de ti para sempre, vou lutar sempre, sempre, sempre como tu o fazias"

Ontem quando falava contigo perguntava se valia a pena...acho que percebi o que me disseste.


Sabes foste um guerreiro para toda a família sempre e isso faz de ti um herói verdadeiro...aqui não existe espaço para ficções ou fantasias...tu foste real e verdadeiro e viveste no meu tempo, vi-te com os meus próprios olhos para que quando duvide algum dia possa repensar toda a minha vida e acreditar que é possível porque...porque...tu exististe e eu cheirei-te, senti o teu toque, o teu sabor...o teu Amor.

E tudo isto se vai ter que se sustentar neste valor máximo e difícil de gerir...o Amor.


Deixaste-nos um sorriso no teu rosto como que dizendo...força eu estou bem e confio em vós.

Agradeço-te esta tua última forma de expressão calma, serena e feliz...entendo-a como realização de vida e como força para nós. Faremos por isso, acredita.

Estiveram muitas pessoas tuas amigas, muitas delas vieram de longe para dar um abraço e simplesmente dizerem que estão para o que for preciso. Nunca pensei como seria duro ouvir estas palavras...mas os teus amigos, os nossos amigos...vieram não só porque tu eras quem eras, mas porque tu foste sempre um pai e os teus ensinamentos vincaram muitas, muitas pessoas à tua volta.


Eu simplesmente gostaria de agradecer a presença de todos, porque sei que o meu pai o faria, não porque se deve ou fica bem agradecer.

...apenas porque houveram muitas pessoas que doeu só de olhar para a presença delas, pela vivência que temos com elas, por tudo, por tudo...

Então por favor deixem-me agradecer-vos a todos, mesmo a todos pela vossa presença e o vosso amor por mim, pela minha família e especialmente pelo meu pai.


Dizem que os heróis não morrem...vivem eternamente. Para mim viverá sempre no meu coração e nas minhas recordações em forma de filme de vida...que são todas excepcionais com ele, não tenho uma única má para recordar da vida dele...isto também me tem ajudado muito.



Beijos para todos vocês amigos(as).



Vou deixar hoje a minha frequência de vida que mais amo, porque é isto mesmo que a Mariza canta nesta música.

Portem-se bem e...vamo-nos vendo, tá bem.



Mariza - "Chuva

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

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Vazio...


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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Lost...

Todos me dizem que sou fechado, que tenho que falar, tenho que me libertar da angústia, da dor e entregar estas cargas a vós porque aceito as vossas...

...sempre aceitei as vossas com muito amor e carinho.

Não sei porque sou assim...sei que nunca gostei de ver ninguém a sofrer e sempre quis dar um pouco de alegria e felicidade quando as coisas não estavam bem com alguém.
Trago dentro de mim muitos sentimentos de todos e carrego-os com muito amor e alguns foram batalhas duras de vencer, mas houveram muitas vitórias e sempre me senti bem assim.

Recordo-me de um senhor nas ruas de Aveiro com um olhar triste, com uma perna deficiente que estava sentado na escadaria da casa do bingo e...à minha passagem como a tantas outras passagens de outras pessoas, disse:

"uma ajudinha amigo"...

Nem olhei! Continuei a percorrer a avenida para apanhar o comboio para casa, mas aquela frase não me largou mais e quando entrei para o comboio e me sentei...não consegui lá permanecer e voltei a percorrer aquela avenida com um sentimento de preocupação de já não o encontrar sequer. Mas lá estava ele, olhei-o bem e ele ficou assim da mesma forma a olhar-me, então perguntei-lhe: "queres vir dar uma volta e sair daqui um pouco?"

...

"sim, gostava muito".

Então anda, vamos conversar um pouco e beber um café quente, está frio "amigo".





A vida está cheia de tristezas, egoísmos e angústias. Não paramos para escutar ou perceber ninguém.
A família é a prova real que assim acontece, quando não amamos sequer os que nos são próximos...como podemos amar quem nos é totalmente desconhecido?


Estou...muito, muito cansado. Cometo erros atrás de erros e penso que sou lutador.

Que ironia de vida.


Ontem foi um dia duro, muito duro.

Enquanto percorria os corredores do hospital pensava, ele ao ver-me vai ficar mais calmo e vai acreditar na vida...

...tive o som do vazio como resposta aos meus pensamentos, um rosto frio fixo num ponto qualquer existente num olhar perdido que não me queria ver. Entre tentativas de aproximação...resistências e afastamentos com as suas próprias mãos.

...mais uma tentativa de lhe dar a mão...novo afastamento do toque e uma lágrima cai pelo rosto desenhando um percurso intenso de tristeza e dor profunda.

Olho a minha mãe...encontro um rosto pesado e uma cabeça com pensamentos de angústias e dúvidas de tudo.

Não estou perdido, não me sinto perdido...apenas me apetece fechar os olhos e ver o que não existe.

Penso que não errei na tentativa de o ajudar estando em casa, mas a verdade é que cresce um sentimento de "culpa" por poder ter estado errado nesta decisão.



Eu adoro viver e amo muitas muitas muitas pessoas, que nunca fizeram nada para eu os amar, eu sei. Mas sem saberem dão-me o que preciso.
De forma diferente amo muitas pessoas que conheço e vivem aventuras comigo diariamente.
São estas pessoas que numa aventura diária me vão aguentando e eu a elas, quase como que se tratasse de uma estabilidade de natureza...hoje compensas os níveis, amanhã compenso eu e sim...

sim...tem sido isto que me tem segurado.

Aos amigos devo muito, muito. É verdade que é triste ter muitos amigos com problemas e dificuldades, mas também é da mesma forma verdade que é com estes que recebemos a força com as suas lutas e crenças...em finais felizes.


Ironia de vida ou não, acho que vou continuar a ser assim como sou...por mais algum tempo.




Para os amigos que vão comunicando comigo, quero que entendam que a vontade de sair não é muita e que eu preciso de viver este momento assim. Serei eu a enviar mensagens quando mais precisar de vós, um cafezinho com um amigo sabe sempre muito bem e mesmo que por 5 minutos será aquele café com alguém que amo muito, por isso esperem que seja eu a pedir-vos para isso e não vocês. É que detesto a palavra não mais que nunca, escutava imensas vezes nestes últimos tempos da boca do meu pai e decidi abolir essa palavra da minha boca o máximo possível. Assim se for eu a pedir um cafezinho o máximo que posso receber de negativo é um "não dá, hoje" da vossa parte, mas prefiro assim que ser a dizer isso.


xau e curtam a vida muito, muito, muito...passamos a vida a lutar por mais umas horas de trabalho e sair fica sempre para outra altura. E dizemos que precisamos que assim seja, mas depois fica-se assim...tudo pára, tudo fica triste, não se faz nada e gastasse tudo o que se andou a arranjar quando se devia ter parado e convivido com os outros...a vida está sempre a dar-nos lições e por vezes estas lições são muito duras e doem muito. Mas deve ter que ser assim.




sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Por Quanto Tempo?

Queria...


Parece exis...



Acredit...












Amo-te muito.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Dias sem Sabor...





Não sei que dias são estes que percorrem da aurora ao horizonte.

Não são dias mágicos, nem com nome próprio, são dias cinzentos, que brilham com uma intensidade escura e fria.


Não sei como calcar este chão e existem momentos que sinto perder-me...sem capacidades de desdobrar este papel de um cenário cru e cruel.


Não são traços de tinta de água...já tentei apagar de tantas formas diferentes... ...mas não desaparecem estes traços negros e carregados deste papel. A página de uma vida é escrita a cada momento que visualizamos com o nosso olhar e sentimos com o nosso respirar, por isso dei o nome ao meu blog de "Sopros de Vida", porque é isso mesmo que descreve a minha vida o meu sentir o meu...viver.

Mas estão sempre a aparecer páginas neste livro que não pertencem a ele.


Vou rasgando-as estas que se intrometem no meio de um percurso de riscos e rabiscos tortos e mal carregados...mas que são os meus, as minhas tentativas de ser ou estar perto da felicidade.


Estou carregado de erros e frases mal compostas e inacabadas, mas...sou eu.


Esta página não rasga facilmente e já tentei de tantas e variadíssimas formas que estou perto de desistir...por alguns momentos já desisti na verdade.


Mas tento de novo e de novo...mas ela não se rasga.


Então decidi pintá-la hoje, e não foi com tinta de água também, foi com um bico de compasso, onde riscarei o mais profundo que conseguir para que entranhe a forma que é verdadeira e desta forma vou tentar marcar na escuridão um caminho seguro...porque existe sempre as mãos e elas são as detentoras do tacto, podem sempre na escuridão sentir rugosidades e percorre-las até lugar seguro, com cores e luz." Se eu voar sem saber onde vou...", talvez aconteça...e tudo se revele.











Beijos e Abraços