domingo, 27 de abril de 2008

Desprende-te...Foge...Não Olhes Para Trás...

Ao teu redor são imensas as correntes que te prendem e que te fazem desenhar um círculo no chão com as passagens constantes no mesmo limite permitido por cada corrente...

De tantas passagens vais deixando um rasto visível que mostra as tuas fragilidades e fraquezas tontas, feitas de incertezas e marcadas por defeitos que teimas em não corrigir.
Quando te dás conta já não sentes a dor da corrente que te prende e...

...ela começa a ser parte de ti mesmo, sem pedir e sem exigir. Apenas porque...pode e tem poder para isso.

São forças estranhas que te prendem e tu não sabes entender a cor de que se pintam esses olhares que te impedem de desprender. Ao teu redor caminham contigo nas ruas enquanto anoitece e estes olhos não brilham com as luzes no escuro...o que te deixa perdido na suspeita e no ardor de um pressentimento que te parece tocar já a pele.

Foges...não sabes a razão, só sentes que o deves fazer.
No teu subconsciente existe uma voz que te diz para não olhares para trás e tu...

Tu vais mantendo a força que te resta, toda apontada para essa voz, que parece querer guiar-te no escuro.
Ao chegar a sensação de cansaço dos pés que usas para calcar o chão da tua fuga, tu olhas para trás pela primeira vez e o teu olhar mostra-te alguma cor...



O desprender começou e tu já não calcas mais o mesmo caminho e sim algo novo que não conheces...

A força depositada nessa voz que te parece guiar já te soltou um pouco e agora já ñ marcas um trilho igual a tantos outros trilhos conhecidos e deixados para outros seguir...começou algo novo dentro de ti.

Não olhes para trás, não fujas mais de ti e faz as malas que algo de novo já cresce em ti com uma força e com um novo rumo...rumo de busca e com a substância que sempre te alimentou e deu cor ao ser que tu és...


Que tu és.


Frequência de Vida. Mafalda Veiga - Um Pouco de Céu



domingo, 13 de abril de 2008

Descobertas ténues...

Olá...

É...aqui estou eu sem jarros ou potes com tesouros, mas aqui...

A escrever para ti que me lês tantas e tantas vezes sem nunca preparares a tua escrita, sem pensares...sem querer entrar em lado nenhum e entrando em muitos sítios e lugares secretos.

Na verdade são muitas e muitas as vezes que o que escreves para mim...e sabes uma coisa?

...fazes-me bem.


Não sei o que seria se um dia sentisses que podias percorrer outro caminho se não o que pisas neste mesmo momento, mas fico feliz por aceitares o que te é proposto e sem desistires de lutar por mais...

Um dia...como sempre sonhaste...

Vais acordar e reparar que não estás no mesmo sítio de sempre...e então sentirás que mais uma mudança aconteceu na tua vida, no teu ser tímido e simples demais. Com os teus defeitos todos, vais descobrir novas virtudes em ti...porque elas só existem quando encontras mais defeitos no ser que és.

Olha...nunca escrevi para ti...talvez nunca pensei ser necessário e difícil até!

Como outros dizem "...é difícil entrar num mundo com os teus olhos."

E como te conheço sei que ficas a pensar nisto e noutras coisas que te vão dizendo no teu caminho de descobertas ténues...

Digo-te que são ténues, porque não és capaz de dizer...chega, vou parar! E agora que te escrevo, vou aproveitar para te dizer que isso irrita-me profundamente algumas vezes...era tão mais fácil se dissesses não! porque é que não o dizes?

Mas claro que não és capaz...preferias desaparecer que dizer não a qualquer coisa...afinal raramente pensas em ti primeiro...

Aproveito para te dizer esta frase que ouvi e não quero que esqueças nunca, porque veio de ti...

"...a vida é a maior beleza e dom que trago oferecida por quem me ama. Adoro viver, amo cada respirar e luto para que ela não pare e cai no mau uso e auto desprezo...morreria nesse dia..."


Digo-te para que nunca esqueças o que dizes aos outros que parece que muitas vezes esqueces isso...a tua descoberta ténue, vai nascendo a cada amanhecer e tu sabes disso, tu sabes disso...


Abraço para ti, desta vez vais sentir na pele o que é dar uma estalada a ti próprio :), espero que ajude e sirva para alguma coisa.



Frequencia de vida para ti que estás a precisar e a conselho de uma amiga ;)

Saving My Face - KT Tunstall


quinta-feira, 3 de abril de 2008

Lá fora...

Com que mundo faria hoje as malas e partiria?

Agora...lá fora onde tudo parece devorar-me. Lá mesmo no fundo onde cresci, onde vivi...onde vivo! Será que me posso perder nesta vida inconstante e partida?

O meu respirar não embacia o vidro do carro que serve de janela para a imagem que observo...lá fora...lá fora...





As luzes tremem com a ondulação macia e ténue de uma frequência de ciclos certos.
Tento de novo embaciar o vidro transparente que nada mostra e...continua a não embaciar...estou frio e vazio sem compreender, sem questionar...mas ali estou eu parado aguardando a resposta que já está dada mas continua imperceptível aos meus olhos nus.

Talvez nesta incerteza a vida me leve para longe...onde o calor existe e a felicidade está nos rostos e nas pequenas acções, sem retribuições, sem escolhas, sem, sem...sem...sem!

O mundo que me acompanharia, qual seria?

Onde encontraria...

...histórias perdidas
…momentos enquanto anoiteceria...partilhas...
…velocidade temporal!





Levaria parte do meu mundo comigo?

Enquanto anoitecesse teria eu a percepção que o que me rodeava era irreal ou real…

Sentir-me-ia só?

Lá fora...estaria eu!

…eu comigo!

E quando sentisse que tudo estava perdido, dir-me-ias que...

...estarias sempre comigo quando me sentisse só?


Viver...o que é isto?

...sonhos?
...loucuras?
...emoções?
...sentimentos?

…refúgios e pressas que nos cerram os olhos deixando-os cegos ao presente que se vive e perdidos num olhar do passado que retira a percepção do futuro...


Como se uma armadura em forma de muralha fizéssemos crescer em nossa volta, deixamos que os nossos erros e falhas com todos ou com alguém em especial nos prenda de viver e nos isole sem a convivência ou aquela palavra especial que ficou por dizer...

...depois...depois não houve tempo e já não haverá mais na vida, nunca mais!


Agora que tudo cai devagar num piso macio e o fim trás o recomeço…

Fico a pensar no que seria se tudo fosse perfeito, se nada me fizesse fugir...mesmo que algumas vezes de mim próprio...

O meu abrigo faz-me olhar com um avassalador regulador de tudo...o tempo!

Este que insere um ritmo certo e imparável na vida.

Hoje seria tempo, mas...lá fora, bem longe de tudo e de todos...sem levar nada do que dei...

Olharia com aquela sensação que nada se quebrou e que tudo segue uma sequência feita de balanços onde marcamos os nossos próprios compassos...

...

Com que mundo faria hoje as malas e partiria?

Seria seguro arriscar já...




Frequência de vida...


Mafalda Veiga - Um pouco de Céu


terça-feira, 1 de abril de 2008

Perdendo...




Sem palavras...sem vontades...

Um vazio estranho e sem lágrimas...um vazio de sofrimento!que me faz sofrer por ver a pessoa que mais amo a sofrer...

Menos uma parte na familia, menos um ponto que me prende...