São tempos de estremeceres de chãos e tempos de movimentações agrestes de amores escondidos...mas nunca esquecidos!
Sempre sonhei...desde pequenino, lembro-me de desenhar sempre uma arvore...um rio...montanhas...aves no céu...uma casinha pequena com um jardim fantástico...
...mas havia também um sol, que caía sempre por entre as montanhas e enviava uns últimos raios que penetravam na casa pelas janelas e davam um brilho magnífico nas águas do rio...
Depois com o desenrolar da vida...passei por uma fase que deixei de desenhar...os sonhos abandonaram-me e fiquei com um vazio forte. Hoje guardo cada pormenor daquele desenho abandonado na memória...vou assim como que regando-o aos poucos com a minha vontade e persistência em viver.
Mas...por vezes tudo se desfaz num pingo de água e acontece porque a tinta não é à prova de gotas de água quando estas correm de um rosto cansado e perdido...e o desenho de uma vida infantil perde-se aos poucos naquelas gotas que percorrem este rosto.
Guardo-o numa caixa pequenina mesmo borratado e sem saber transporto-o comigo a cada segundo a cada sopro que dou...a distância temporal não acalma o meu coração e urge uma vontade de fugir deste mundo de pessoas pequenas...ouço de mansinho a crescer um chamamento que já não me mete medo aceitar...mas ainda não chegou a hora, ainda não chegou!
Hoje enquanto escrevo vou visualizando aquele desenho e ganho uma coragem forte aos poucos de ir abrir a caixa...mesmo com medo de o ver completamente estragado...não sei ainda se irei faze-lo.
São tempos bonitos também e carregados de amor e fortalezas que procurei intensamente durante anos a fio. Estão a acontecer muitos sinais e eles são tão fortes que conseguem escrever em pedra dura para que não sejam apagados nunca. Sinais de força...sinais de preserverança e sem medos...
Estou a recordar um dia na rádio...uma noite em casa de um amigo verdadeiro que me aceita da forma que sou e me tenta compreender na vida complicada que tem também.


Revejo cada olhar naquela noite a jantar numa mesa assim como alguém fez um dia...



Rostos de amor...que me deixam continuar a seguir caminhos e a arriscar com eles...

Nem preparamos o que tínhamos a preparar na sua totalidade...porque estava bom estar ali...muito bom mesmo.
Mais pertinho no sentimento da pele está presente a noite de sábado...jantar com amigos de anos e a meio da noite como se de uma sobremesa se tratasse...um enviado...um ser que teria que aparecer mais tarde ou mais cedo na minha vida. Soube bem sentir a presença de muitos rostos de amor e segurança na aposta viva de seguir em frente contra marés e correntes fortes...

O fogo sem dúvida tem aquele dom...aquele calor que arde e ardeu um bem forte no interior ao sentir o teu olhar forte e sensível...frágil, mas que vai descobrindo a sua missão e sua força aos poucos...é bom estar atento não é?

Já fui buscar a caixa...mas, decidi não a abrir já, vou esperar até conseguir. Eu sinto que ainda não é a altura certa...
A frequência de vida hoje...David Fonseca - Who are You?