segunda-feira, 9 de março de 2009

Não fujas...Nunca!



Do encosto do meu lar revejo-te a sorrir em dias de felicidade solta e tão tua.


Os gestos foram consumidos pelos olhos de quem te apreciou todos os dias com interesse místico e de sedução apalpável.


Seduzias-me com o teu querer e ser e tudo custava mas sabia esse custo tinha um sabor bom e único na minha Vida.


Um dia vi-te a tocar uma árvore e senti a tua cumplicidade com ela, pareciam estar em conversa intima e sublimemente sussurravas sons de assobios como que embalando o seu corte de cada ramo...


Não a vi sofrer nunca com o teu rigor de corte e assim como uma relação amorosa ela parecia torcer-se por ti e contigo numa magia a que chamavas...poda. Aquele dia os meus olhos recordam a beleza mesmo que amedrontada por tanta devastação...mas mesmo assim a árvore nunca chorou com o teu toque...nunca!


Agora como em forma de sentimento de falta ela pareceu estar a cada dia que passava cansada de existir, talvez com saudades tuas, das tuas mãos do teu sussurrar e da tua complexidade intima com ela.

E assim como em tom de chamamento toquei-lhe e senti uma força quente no seu interior e uma tristeza externa grande que apagava a sua alma a cada dia.


Não tive coragem de lhe tocar um dia...dois dias...uma semana...sei lá tanto tempo, mas durante todo este tempo foi perto dela que vi surgir a lua todas as noites com diversas formas e imponências, foi-me entrelaçando com ela ao luar e cresceu uma intimidade entre nós...ganhei coragem e usei as minhas mãos com um sentimento interior muito especial que te sussurrei vezes sem conta.


Não foi bonito de ver o que te fiz e apesar de confiança cega em ti e em mim...aqui em casa também não foi fácil aceitar o que te fiz!
Mas tu tinhas razão e o que senti foi intenso em cada corte que te dei e hoje olhas-me com alegria e de novo vejo o teu sorriso neste luar onde as tuas flores estão brilhantes como antes e a força que parecia presa dentro de ti parece que se está a libertar com grandes formas e audácias de novo.


Ressurge comigo a vontade e o meu grito liberta-se...a lua hoje piscou-me o olho quando tu me acaricias-te com a flor que brilhou no luar.


És linda...És lindo e eu amo-te demais e para sempre. Tou feliz hoje e tu sabes, então sim...hoje sou humano de novo e a tua magia está comigo, eu sinto-te...



Porque o medo miudinho está sempre presente mesmo quando não é necessário alimentá-lo mais...mas aceito-o como parte integrante e funcional em mim.

Frequência de vida:

Ana Free - "In My Place"


3 comentários:

  1. :')....

    A presença silênciosa é a mais pura, a mais bonita e é a lamina mais afiada.. O entmento mais puro,verdadeiro e transarente...

    Amo-te muito mao muito mesmo...

    É no silêncio, é no escuro que o olhar está mais atento. o Brilho é sempre mais forte...

    ResponderEliminar
  2. És sem dúvida uma pessoa muito atenta. Não demonstras mas és. Essa atenção toda, pelo menos em mim, cria uma pressão enorme mas à qual gosto de estar sujeita. Nunca saberemos no que reparas, o que pensas, que ideias passam por essa cabecinha... Simplesmente temos um gesto teu para conosco, que será sempre carregado de misticismo... Cabe-nos então a tarefa de o entender... quando o conseguimos! =) Falas em árvores e em podas... Vês a ironia do destino quando te iguala a ele? Também tu podas as árvores que se cruzam no teu caminho por meio de conversas íntimas, sussurros de sons... Também tu tentas que essas árvores não sofram com o teu rigor de corte... Também tu preferes dar tudo para que sejam belas, felizes, para que não chorem... no meio de tanta devastação!
    Essas árvores também vão tendo saudades tuas, como tu e ela têm saudades dele. Mas como as árvores, também vocês sabem que por quem anseiam estará sempre convosco. E tu estás sempre conosco não estás? =)
    Quando é que foi a última vez que sentiste a força quente do interior das tuas árvores? Porque não lhes voltas a tocar? Não te fazem falta? A lua acompanha-te, vela por ti... Agora és tu quem tem que agir porque é dentro desse grande ser que está a força, a beleza, o sentimento e tudo o resto que é necessário à poda... Mas fazes uso do que comportas? Parece que pelo menos tentas... E imagino que o sorriso tenha crescido a pouco e pouco com o despontar das flores dela... que acabam por te pertencer também.
    Vais gritando e ressurgindo. Vais tendo quem te acompanhe sempre. Vais lutando para seres cada vez melhor, mais belo, mais transcendente como a lua que é tua cúmplice.
    E é assim que ela e ele te vão amando... Na tua imperfeição perfeita, sequiosa de mudança dia após dia.
    Não tenhas medo. És humano, és mágico, és belo.

    E estás no sítio que te pertence.

    Gosti para sempre* =)

    PS: Não fujas... Nunca! =) *

    ResponderEliminar
  3. As árvores são seres vivos que reflectem a bondade que Deus tem em nos presentear com a beleza, no dia-a-dia. Abrigam, protegem, alimentam-nos. Na verdade dão-se.
    São um pouco semelhantes a nós... na verdade são muito melhores que nós, porque dão-nos exemplo de humildade e humanidade.Entregam-se completamente.

    No Verão dão-nos frutos e sombra, no Outono dão-nos a beleza do cair das folhas, no Inverno dão-nos o calor da sua madeira, na Primavera, dão-nos as flores... dão-nos, dão-nos, dão-se. Fazem sacrifícios que jamais poderemos fazer. A ela nos abraçamos, nela descansamos, montamos baloiços e chinchorros, namoramos, gravamos promessas, nalgumas culturas até se casam... :)
    Alguns aproveitam a sua sombra para rir, outros para chorar, outros para chorar a rir, para ler...

    Na minha casa aproveitavam para tocar violino, mas era algo que entrestecia... períodos de tempo que nunca conheci, mas imagino num sentimento de melancolia e ao mesmo tempo de mistério e curiosidade.

    As árvores têm-me proporcionado os melhores momento da minha vida. Adoro desmedidamente o Outono com o reflexo de cores que amo. Colecciono sem cessar folhas e “obrigo” todos a fazerem o mesmo. Correr num corredor de folhas é mil vezes melhor do que correr no meio de gaivotas, não se correm tantos riscos. A garagem do vizinho era o local onde passava as tardes inteiras à espera que as ameixas verdes ganhassem uma ponta de rosado, porque eu sabia que isso acontecia, ou então apanhava tanto sol na cabeça que depois via tudo vermelho e era muito feliz, porque tive as maiores dores de barriga da minha vida... e como era bom tê-las. As flores quando começavam a cair enchiam as couves, acabadas de semear, de neve, a neve que nunca caía no Natal. Enfim... dias saborosos que agora passam-me ao lado, porque nem sempre posso estar na tua casa e porque na minha só há relva.

    As árvores são seres tão especiais, que só as conseguem entender quem é especial, por isso não me espanta nada que só pessoas boas, simples e humildes as conseguem entender e comunicar com elas.

    Mesmo depois de podadas ela são capazes de nos presentear com o que de mais belo nos dão – as flores.

    Só depois de crescer é que consegui deixar a tristeza de ver uma árvore podada. Agora eu sei que é para que os frutos cresçam mais e para que tenha mais força.
    É sem dúvida uma grande lição de vida para todos nós, para termos força para ultrapassarmos as dificuldades e sofrimentos com coragem e aproveitar a nossa ceiva, para cicatrizar as nossas feridas, para que o que damos aos outros possa ser muito melhor, o melhor de nós.

    Beijos.

    ResponderEliminar